20.3.11

Tempo

Passado... de que me serves tu se ficaste pra trás e prendeste a ti os bons momentos, as expectativas, a esperança? De que me serves se tudo que retratas são possibilidades de um futuro possível apenas no pretérito, recheadas de poderiam, teriam, seriam, fariam? Se tudo que revelas são momentos que foram? E se foram é porque não são e provavelmente nunca mais serão...
Então passado, pra quê se fazer presente? Não vês que não te encaixas nesse tempo? que o subjuntivo que carregas aqui só serve para gerar expectativas desnecessárias, hipóteses ao acaso, palavras ao vento? Não consegues notar que as oportunidades não acompanham o virar das páginas, que a folha que o vento leva nunca voltará ao galho da àrvore? Não o vês? Se realmente não o vês, passado! peço que te esforces e voltes para o pretérito indicativo, seja ele perfeito ou imperfeito, pois se juntos nós falávamos de paixão ou simplesmente de afeto, isso não importa mais, pois foi há muito tempo e como já te disse, o tempo não volta.
É passado... Como negar que um dia tu já fora presente (e ouso dizer que um dos mais belos que se possa ganhar), mas que por descuido ou descaso (não sei ao certo), passou por teus dedos a oportunidade de se manter presente e quem sabe... um dia ser promovido a futuro?! Pois é, não deu! As inscrições foram encerradas e a vaga preenchida, lamento!
Mas não desanimes, isso nunca! Qualquer passado se faz presente em algum tempo no espaço. Provavelmente não por aqui, pois infelizmente só temos lugar pro agora nesse setor. Ah, sim... Tem vaga aberta para o futuro, mas toda vez que esperamos por ele, o danado ou se adianta ou vira presente também. Parece realmente que ser presente é a vaga mais cobiçada nesse caso. Pena que por aqui somente haja possibilidades para o presente ser futuro ou para o (quase inevitável) futuro ser presente. Passado não tem qualificação pra ser promovido, e olha que o que não faltou foram oportunidades de se especializar enquanto estagiando no presente. Mas desinteressado, tu te deixaste levar por preguiça ou por falta de gana pelo cargo que hoje desejas (re)ocupar. Meu conselho é que te aconchegues nos nossos arquivos, pois pensando bem não há lugar mais agradável ao passado para se estar do que em meio às lembranças dos momentos vividos como presente, áureo e vívido, cheio de encantamento e alegria, como se o futuro simplesmente não existisse, e se existisse, como se não fizesse diferença, como se o tempo fosse capaz de detê-lo de se vestir de presente e mudar toda uma forma de trabalhar... É, passado... parece que o tempo não trabalhou em teu favor neste caso. Pegue tuas coisas então e ocupes o cargo que te nomeia. E por favor, faça o máximo de silêncio possível, pois o ruido vindo do teu setor só faz atrapalhar a linha de produção mais importante por aqui; o agora, o já, o PRESENTE!

Um comentário:

  1. Bonita, você realmente tem o dom da palavra... na verdade, primeiramente do PENSAR (tu pensas, logo existe = para nossa imensa alegria!) - e compartilhar conosco de seus pensamentos, só vem a nos acrescentar. Continua mandando bem no blog! adorei!

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Amiiiiiiigo, hein?! Pega leve aí... rs

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