16.5.10

Como a Mente Flutua

Estava eu aqui, vendo o nascer do sol da janela de minha sala de trabalho. Esse é um dos privilégios de meu emprego: nascer do sol por 7 dias, pôr-do-sol por outros 7, sempre na linha do horizonte que divide o azul do céu e do mar, ambos de um azul tão azul que eu jamais vi em outro lugar. Pois bem, voltando ao raciocínio inicial (antes do nascer do sol me distrair). Estava aqui lendo minha revista favorita, um artigo com título de "Homens Morrem Crianças, Mulheres Nascem Adultas" (só uma pausa aqui, é incrível como todas as vezes que eu começo a escrever, as pessoas começam a aparecer em minha sala, telefone toca, barco chama... Impressionante! E pensar que na madrugada, eu consegui até fazer as unhas das mãos). Chega de pausa! Mais uma vez voltando ao raciocínio (com alguma dificuldade, confesso), ao longo do texto, foi chamando minha atenção a descrição que Aggeo Simões (o autor) estava dando à sua filha. Ele fala de instinto materno e como uma menina tão novinha gosta de brincar de boneca, de dar banho, alimentar, cantar para as bonecas dormirem e tudo o mais. Foi aí que comecei a viajar pra além do texto.
Tentei lembrar-me de momentos meus assim na infância, cuidando de bonecas como se fossem meus "bebês", cantando para niná-las... Sabe o que aconteceu? NADA! Isso mesmo, não lembro mesmo de momentos assim. Eu brincava de boneca, sim! Mas sempre era Barbie (eu tinha pavor daqueles bonecões maiores que eu com cara de joelho e desengonçados). Com a Barbie, era muito mais interessante, podia vestí-las com as roupas mais bacanas, inclusive réplicas de modelitos de personagens famosos da TV e cinema, como a Xuxa (clássica). Sem falar na casa da barbie, com tudo da Barbie, no carro da Barbie, no namorado da Barbie... Eu era uma maníaca mesmo! rs
Agora, já adulta, comecei a me perguntar se isso já era indício de minha personalidade "avessa", minha contramão à maioria das meninas e seus desejos, suas vontades, suas atitudes. Será que essa minha falta de "instinto materno" já nasceu comigo? Será que eu realmente tenho um "machinho" comandando meu neurônios (e não estou falando de lesbianismo, não se animem... rs) como minhas amigas mais próximas costumam sugerir? O que há de errado comigo?
Às vezes eu me pergunto isso. Não que eu me sinta mal sendo assim, pelo contrário, sou muito feliz comigo, tanto com meu físico como o espiritual e o mental. Mas ser tão diferente do padrão "natural" de mulher é no mínimo intrigante. A maioria das minhas amigas de 20 e poucos anos já começa a se organizar para concretizar planos clássicos: encontrar o homem da vida + casar + ter um monte de filhinhos = ser feliz para sempre. E eu? Bem, eu fico aqui, planejando me especializar em uma área nova + fazer estágio + ganhar uma promoção + acabar de quitar minha casa própria (que acabei de comprar) + comprar carro + pagar um plano de saúde pra minha mãe + viajar pra França (depois de aprender Francês) + convencer meu namorado a não terminar comigo por conta desses planos = ser feliz pelo menos por agora. Ufa, faltou fôlego só em pensar... Mas é só comigo ou mais alguém reparou que faltaram alguns itens clássicos na lista? Casamento? Filhos? Éeeeee, não!
Pode ser porque ainda sou nova e tenho outras metas antes que a dupla casamento+maternidade atrapalhe, mas pelo menos eu não tenho lembrança de já ter pensado (mesmo que para um futuro mais distante) minha vida num último capítulo de novela das oito. Estranho, né?! Até lancei uma frase no twitter que foi bem comentada uma vez, porque estava revoltada com uma amiga que tinha terminado com o noivo. Era mais ou menos assim: "Felicidade só dói pra quem vive de ilusão. Cabe a vc decidir fantasiar o castelo encantado ou parcelar o conjugado a perder de vista". Isso foi um momento de cólera anunciada, demontrando minha aversão a essas viadagens da maioria das minhas amigas. Acho chato que elas fiquem sonhando com os filhos que elas talvez tenham com homens que elas nem conhecem. Pior, com o tempo vou vendo essas meninas tendo filhos sem estarem casadas, tendo que morar na casa dos pais (com ou sem o "príncipe encantado") por falta de condições para sustentar o "final feliz". Pode ser falta de romantismo, eu prefiro chamar de praticidade. Faço planos até a linha do horizonte, até onde consigo me ver. Daqui 10 anos, nem sei o que estarei sentindo, quantos quilos pesarei e tals, não tem como me planejar pra isso. Mas pro ano que vem, já começo a imaginar a conclusão do meu curso na área nova, a promoção e continuar convencendo meu namorado a não desistir da maluca aqui. Afinal, o pensamento é confuso, mas a intenção é boa! rs

PS: Enquanto tentava concluir o pensamento, o dia nasceu e está realmente lindo o visual do quase infinito adiante. Eu tenho que ser muito grata mesmo por todas essas coisas que acontecem comigo. é tudo tão perfeito que até as coisas mais chatas são bacanas. Tipo o trabalho, que me proporciona tanta coisa boa, como olhar agora da janela e ver o mar praticamente sem ondas, igual uma piscina, refletindo o sol, que não deixa as nuvens tão branquinhas atrapalharem seus reflexos. Só Deus sabe o que eu estou sentindo agora.

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Amiiiiiiigo, hein?! Pega leve aí... rs

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